No desenho
urbano da cidade, o parque se caracteriza como uma rotatória. Contando com uma
paisagem de continuas fachadas que o circundam. O sistema viário ao seu
entorno conta no acesso principal a Av. Pres. Getúlio Vargas
que parte perpendicular, seguindo o contorno pela direita não existe vias de
acesso; já do lado esquerdo parte tangencial a rua Antônio Gonçalves Pimental,
seguindo respectivamente o contorno do
parque saem a Av. Virgílio de Melo Franco, perpendicular e paralela a
Av. Pres. Getúlio Vargas, a rua Sagrado Coração de Jesus.
As construções adjacentes se caracterizam pelo
uso residencial e alguns serviços (
dentista e estética corporal). Três residências apresentam 2 pavimentos e as
demais são térreas todas à partir do nível da rua. Algumas contam também com
subsolo, devido a topografia irregular do terreno nos fundos.
PARQUE INFANTIL
ANTECEDENTES
Já, muito tempo antes de 1760, passaram por Três Corações
boiadeiros, garimpeiros e outros, mas a nossa história começa a ter sua
relevância a partir de sua primeira Capela, construída pelo português Tomé
Martins da Costa, inaugurada em 16 de setembro de 1760. A Capela passa então a
ser atendida pelos padres de Campanha em 1761 a instituição canônica lhe
confere o nome de Capela dos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José em 8
de fevereiro de 1762, o alferes Tomé constitui o patrimônio de sua capela.
Pela nossa
primeira ermida passou Cláudio Manoel da Costa, figura integrante da
Inconfidência Mineira, descrevendo o lugar como um terreno airoso, ao lado de
uma fazenda, com poucos casebres ao redor, marco de um pequeno arraial iniciado
, que tenta crescer às custas de suas terras de cultura e suas lavras de ouro;
nesse lugar que tanto deslumbre causou ao poeta está localizado o Parque
Infantil.
Em 16 de março de 1772 é batizada na capela pelo padre
Bernardo da Silva Lobo, a menina Simplícia, filha de Antônio e Rosa , escravos
de Domingos Dias de Barros. (Livro 3, de Registros de Batizados da Paróquia de
Campanha)
Em 1784 é
nomeado para a capelania dos Três Sacratíssimos Corações o padre Caetano
Vieira.
Esta capela
abrigou muitos fiéis até que um
fazendeiro no Peró , o Cap. Domingos de Barros, português vindo de Ribeirão
Preto, em companhia de seus filhos Manuel, Antônio e Joaquim Dias de Barros,
trazendo ainda o padre Antônio José dos Santos, que diz um historiador ser
também seu filho, pede também licença para erguer uma Ermida, no lugar da
antiga capela; era o ano de 1790. Comprometeu-se, assim como fez Tomé, a doar
os sessenta alqueires para o Patrimônio. Sem aguardar a provisão régia, inicia a construção da nova
Igreja.
Em 1792 é nomeado para a capela dos Três Sacratíssimos
Corações, o padre Domingos Rodrigues Afonso , em 1794 o padre Manuel José dos
Reis é o novo capelão e finalmente em 1799 é nomeado o padre Antônio José dos Santos.
José de
Jesus Teixeira , rico português, solteiro chegou em fins de 1796, ele morava na
fazenda do Bom Jardim era piedoso e desprendido, mudou-se para Campanha. Mas
foi aqui , que ele resolveu construir uma capela, a capela de Nossa Senhora das Dores. Erguida com duas torres,
sua construção foi finalizada em 1799. A remuneração de seus escravos pelo
trabalho de alvenaria se deu em forma de ouro em pó sem pesá-lo. É o que está
lavrado em documento histórico na cidade
de Campanha.
Em 1801, dá-se sua inauguração em 23 de setembro “Ermida
dos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José da Real Passagem do Rio Verde
com missa solene celebrada pelo Vigário da Campanha, Pe. Antônio de Souza
Monteiro Galvão. Na época um cronista a descreve como uma pequena igreja, para
abrigar um limitadíssimo número de fiéis. Seu altar-mor foi trabalhado pelo
mestre Athaide. Uma pintura a óleo no teto , representava o batismo de Jesus. A
pia batismal , talhada em pedra sabão, ao lado esquerdo da entrada, com
oratório dos Santos Óleos, era modesta e singela. Imaginem vocês quantas
relíquias perdeu Três Corações e como
fica partido o coração dos tricordianos vendo seus patrimônios sendo destruídos
pelo progresso ou até pela própria ganância do ser humano. Ao fundo da ermida,
ao lado do altar–mor havia o altar do Santíssimo, e uma catacumba sem lápide ,
contendo os despojos de dois padres ordenados em Mariana e que aqui exerceram
seu ministério e morreram . No exterior , a fachada foi delineada pelos
próprios artistas locais. Nas janelas de frente para a praça, cornijas sem
lavores, dando apoio aos bicos que alumiavam o côro de música. O portal nobre
era um eficiente trabalho , também de artistas locais, com duas torres externas .
Em 1802 é
nomeado Capelão da ermida o Pe. Joaquim Dias de Barros, voltando em 1806 à
capelania da ermida o Pe. Antônio José dos Santos.
Passados
quase 7 anos de sua inauguração é que é concedida por D. João VI a Provisão
Régia concedendo licença a Domingos de Barros para erguer a igreja sendo que
este já havia morrido. Só em 1809, quando termina a pendência entre o Bispo de
Mariana e o Cap. Inácio Ximenes é que finalmente são passadas as escrituras de
doação das terras do Patrimônio, no tabelionato de Campanha e os sessenta
alqueires doados caíram para dez alqueires..
A instalação da Freguesia dos Três Corações do Rio Verde
e da Paróquia do Três Sacratíssimos Corações, sendo nomeado Cura o Pe. Antônio
José dos Santos no dia 14 de julho de 1832 e neste mesmo ano compreendendo a
atual aplicação, Diogo Antônio Feijó põe fim ao ato de nomeação de Cura do Pe.
Antônio José dos Santos.
Em 1844, a
Diocese concede autorização para a construção de uma nova igreja e sua
inauguração acontece em 6 de setembro de 1860, agora Matriz, que pôr disposição
de D. Silvério Gomes Pimenta , Arcebispo de Mariana, passa a ser Sagrada
Família, o Orago da Paróquia Igreja Matriz e das Dores, a velha ermida.
No antigo
Largo das Dores, hoje Parque Infantil, foi instalada a 1ª Comarca de Três Corações
em 1892 pelo seu 1º juiz de direito, Dr. Alberto Gomes Ribeiro da Luz, no
prédio da Instrução e Paço Municipal
A Igreja das Dores, velha e querida, é demolida em 1896
pelo Pe. Hipólito Campos; o Fórum e o Paço Municipal mudaram em 1897 para o
sobradão da rua Direita onde antes funcionava o Colégio Melo Franco, demolido
em 1912 e ali numa casa com capacidade para 600 pessoas, esteve também
instalado o teatro municipal e centro cultural da época.
Esta praça
atraiu moradores tornando-se o centro e o início de nossa cidade; abrigou ali
também o primeiro cemitério, fato decorrente do costume medieval de se enterrar
os mortos nas proximidades de igrejas. Relata José Prado Neto, historiador
tricordiano, que provavelmente lá repouse Tomé Martins, falecido em 1793 e os
nossos primeiros párocos.
Com a demolição da ermida passa a se chamar Praça da
Liberdade e a partir de 1919, o local passa a se denominar Praça 15 de
Novembro hoje conhecida como Praça Benevenuto Barros, ex prefeito
entre 1916/1918. Praça relativamente grande e bem arborizada com magnólias ,
possui 3 grandes gramados em forma de corações. Constituía ponto de ligação entre a rua Direita com a
rua do Passa Boi ou 4ª Avenida (hoje av.
Virgílio de Melo Franco) , outras duas ruas chegavam à praça Benevenuto Barros:
a que vinha da praça da Matriz e a rua 5. Completando as formas de coração a
que contornava a praça e a que levava ao trecho de ligação. Nas imediações,
onde hoje está localizada a casa do falecido Jaime Nogueira, situava-se o maior
buraco da cidade, conhecido como buraco do Guilherme Leiloeiro, antigo
proprietário do terreno . Cratera essa de muitos séculos , como diz José Prado
Neto , ia até o morro da biquinha, sendo tapado com restos de construções,
aterramentos e detritos diversos, deixando de existir por volta de 1920.
Dos moradores da época podemos citar o Sr. Lili de
Barros, Sr. Téophilo Ribeiro e o Sr. Coronel Costa Neto. Mais recente, o
professor Francisco Avellar Machado e sua família, o Sr. Nelson Ribeiro, Sr.
Albertino Branquinho e a família Miquitinha.
O Prefeito Odilon Rezende de Andrade decidiu transformar
a Praça Benevenuto Barros em Parque Infantil, no seu segundo mandato. A locação
e o projeto foram feitos por um engenheiro da Rede, professor de geografia
descritiva do Colégio Estadual .
As
escavações para a construção dos alicerces da periferia do parque haviam
começado, quando atingiram o canto da praça diante das residências de Sr.
Franci e Sr. Aurélio, foram localizadas várias sepulturas antigas, ainda com os
restos mortais. O fato atiçou a curiosidade de muita gente. No entanto ,
sabia-se daquela possibilidade, pois ali fora o primeiro cemitério, atrás da
Capela dos Sagrados Corações. O interessante, como conta Carlito A. Caldeira, é
que não se cuidou da remoção daqueles
ossos. Foram ali deixados , em ligeiro aprofundamento das valas.
Levantamento
Luiza Regina Braz Marques
Casa da
Cultura Godofredo Rangel
Três Corações, 1999
O Surgimento Do Parque:
O Parque
Infantil foi construído para a alegria das crianças que na época corriam de um
lado para outro em sintonia com os pássaros que de árvore em árvore
compartilhavam da sinfonia de gritos e gorjeios pelas manhãs e tardes de Três
Corações.
Hoje as pessoas que por ali passam certamente unem a
beleza de sua arquitetura, com a tranqüilidade do local, e a algazarra das
crianças que ali se encontram e que nem se dão conta que ali foi o começo de
nossa cidade. A placa exibindo uma data, comunica o dia e o ano de nossa
emancipação política.
Estrategicamente bem localizado, no alto de nossa
avenida principal surge orgulhoso o nosso parque que já sorriu com as
peraltices de muitos de nossos tricordianos quando pequenos, ainda abriga
muitos dos sonhos, atraindo com seus encantos as crianças que por ali passam,
encantados com o saltitar e o canto dos pássaros que ali fazem seus ninhos.
Ainda hoje , resistem ao tempo não só a arquitetura do
parque mas também as residências da família Aurélio Della Lúcia e dos médicos
Moacir Resende e Ernesto Coelho Neto.
O progresso
chegou, a cidade cresceu e o largo das Dores
continua, imprimindo nos tricordianos a doce saudade de um tempo que não
passou e está vivo em nossas lembranças e em todos os corações.
Bibliografia:
Entrevista:
BANDA,
Maria Isabel. Parque Infantil. Três
Corações, 1998
Entrevista concedida a Luiza Regina Brás
Marques.
FLORES,
José Valadão. O Parque Infantil. Três
Corações,1998.
Entrevista concedida a Luiza Regina Braz
Marques.
PRADO,
José. Sobre o Parque Infantil. Três
Corações, 1998.
Livros:
FONSECA,
José Garcia da. Três Corações e Sua
História.
Belo
Horizonte, MG; Imprensa Oficial, 1984.
FONSECA,
José Garcia da. A Imprensa em Três
Corações.
Três
Corações, MG; Gráfica Excelsior e editora Ltda., 1994.
SOUZA,
Benefredo de. Datas e fatos da terra do
Rio Verde. Três Corações,
MG; Tipografia Escola Profissional,
1971.
Análise
Arquitetônica
Planta irregular cercado por um gradil apoiado em uma
mureta em forma de escada, acompanhando a declividade da rua que o circunda.
Quase na
parte central do parque, existe uma área circular de aproximadamente 5m de
raio, pavimentada com cimento, por onde irradiam canteiros e outras áreas onde
estão locados alguns mobiliários.
Contando
com a área central, são em 6 o número de espaços onde estão distribuídos os
brinquedos e também os canteiros que fazem sua separação. Possui uma faixa de
área verde que protege todo seu perímetro. Logo à esquerda de quem adentra o
parque, existe uma pequena área com cobertura meia água, onde há a instalação
de um lavatório.
A
arborização é abundante, produzindo bastante sombra e conforto aos usuários,
porém necessita manutenção.
O piso é de
pedra e cimento em algumas áreas, apresentando bom estado de conservação.
Como bem
cultural do parque, podemos citar dois elementos, um se encontra logo na
entrada, é um obelisco de base quadrada,
com aproximadamente 80cm de largura por 60cm de altura, onde está locada a
placa com os dizeres:
“Neste local nasceu a cidade, em
23-9-1884,
homenagem da Es. S. A.
ao povo de Três Corações, 23-9-1959.”
A parte apoiada em cima desta base, possui
aproximadamente 50cm seção regular que soma ao conjunto uma altura de
aproximadamente 4m, 4 floreiras de concreto enfeitam o piso onde está situado o
obelisco, este necessita de manutenção na pintura e uma das floreiras está
quebrada.
O outro
bem, se encontra no mesmo eixo do 1º
cuja forma é retangular com 60cm aproximadamente e 20cm de altura. A base é de
cimento onde esta apoiada uma placa de
ardósia com os dizeres:
“Neste local será erguido monumento
ao centenário da Cidade.
1884
23 de Setembro 1984”
O parque se encontra bastante arborizado, porém necessita manutenção na parte de forração,
que apresenta uma paisagem de abandono.
A caiação
da mureta que sustenta o gradil e do meio fio que delimita os canteiros é quase
que inexistente. Assim como nas meias colunas que sustentam vasos de plantas,
cujos vasos apresentam oxidação.
O gradil
que cerca o parque está em total estado de oxidação, bem como na parte inferior
do portão de acesso, que apresenta danos também em seus elementos decorativos,
o arame farpado do gradil está danificado e os
tubos de sustentação necessitam manutenção nos encaixes e pintura.
O piso se
encontra em bom estado de conservação, apresenta apenas manchas e trincas
superficiais decorrentes de sua exposição as intempéries climáticas.
O portal de
entrada sofre também por estar exposto, apresentando trincas e manchas em seu reboco, cujo surgimento de vegetação em
suas paredes é aparente.
Dos 12 brinquedos
locados por todo parque, apenas 2 se encontram interditados e os demais
apresentam ferrugem grave, falta de pintura e danos no próprio material,
podendo provocar lesões nos usuários.
Análise de entorno
Passeios
mal conservados e estreitos, pavimentados com ladrilho. A rua que circunda é
ligeiramente inclinada, possui largura aproximadamente de 5m pavimentação asfáltica e vem conservada.
Apresentam
tendências arquitetônicas bem ecléticas, predominando o neoclássico o colonial,
moderno e contemporãneo.
O uso de
platibandas é bastante comum nas edificações do lado direito e fundos do
parque, no lado esquerdo o partido adotado é
mais voltado ao moderno, com exceção de uma casa antiga na esquina da
Av. Virgílio de Melo Franco que se apresenta tipicamente colonial.
Delimitação do Perímetro de Entorno
P1
= mediatriz da Avenida Presidente Getúlio Vargas, próximo ao nº 540, do lado
direito, seguindo o alinhamento da fachada frontal;
P2
= seguindo o alinhamento até o nº 34;
P3
= acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 76;
P4
= acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 121;
P5
= acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 209 da Rua Sagrado Coração de
Jesus;
P6
= P1 incluindo o imóvel de nº
531
OBS.: O perímetro
de entorno do Parque Infantil fica limitado às fachadas que circundam o mesmo,
devido à irregularidade do traçado dos quarteirões ligados à Praça,
dificultando a delimitação de uma área maior.
Delimitação do Perímetro de
Tombamento
P1
= vértice esquerdo da fachada frontal ;
P2
= vértice direito, seguindo o alinhamento do imóvel, e é distante de P1,
31m;
P3
= seguindo o alinhamento do imóvel, é distante de P2, 29,7m;
P4
= seguindo o alinhamento do imóvel, é distante de P3, 34 m;
P5
= seguindo o alinhamento do imóvel, no sentido da Rua Sagrado Coração de Jesus,
é distante de P4, 55 m;
P6
= P1, seguindo o alinhamento do imóvel;
P5
é distante de P6, 58,7 m.
PARQUE INFANTIL:
ONDE TUDO COMEÇOU
O transeunte que passar pelas proximidades
de nosso Parque Infantil logicamente acabará por ter sua atenção voltada para
os risos das crianças e seus folguedos ou para a beleza das árvores e o
bucolismo de sua arquitetura, provavelmente deixando de ler uma placa ali
existente, junto a um obelisco.
Estrategicamente bem localizado, no
alto de nossa principal avenida, surge o parque de maneira imponente, dando
sombra aos que ali chegarem, observando de forma estática os trajetos e formas
que o progresso nos legou.
Foi neste exato lugar, da sesmaria
de Thomé Martins da Costa, que nossa cidade teve seu embrião e o fio condutor
do que hoje é. As terras pertenciam a Thomé, que mandou construir uma pequena
capela , medindo 3 x 6 metros quadrados, inaugurada em 16 de setembro de 1760,
há exatamente 233 anos atrás, com o pomposo nome de Capela dos Santíssimos
Corações de Jesus, Maria e José. Situada no alto de suas terras, descortinando
a beleza estonteante do vale, do rio e a Fazenda Rio Verde, impunha fé e
religiosidade aos colonos, garimpeiros e viajantes.
Com o passar do tempo, a capela foi
atraindo alguns moradores, tornando - se o centro, o cerne do lugarejo.
O local abrigou, também, nosso
primeiro cemitério, fato este decorrente do costume medieval de se enterrar os
mortos nas proximidades das Igrejas; aí estão provavelmente repousando os
restos de Thomé Martins, falecido em 1793, e de nossos primeiros párocos.
tendi foi nada kjkjkjkjkjkj
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