quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Bens tombados de Três Corações - Parque Infantil





No desenho urbano da cidade, o parque se caracteriza como uma rotatória. Contando com uma paisagem de continuas fachadas que o circundam. O sistema viário ao seu entorno  conta no  acesso principal a Av. Pres. Getúlio Vargas que parte perpendicular, seguindo o contorno pela direita não existe vias de acesso; já do lado esquerdo parte tangencial a rua Antônio Gonçalves Pimental, seguindo respectivamente o contorno do  parque saem a Av. Virgílio de Melo Franco, perpendicular e paralela a Av. Pres. Getúlio Vargas, a rua Sagrado Coração de Jesus.
As construções adjacentes se caracterizam pelo uso  residencial e alguns serviços ( dentista e estética corporal). Três residências apresentam 2 pavimentos e as demais são térreas todas à partir do nível da rua. Algumas contam também com subsolo, devido a topografia irregular do terreno nos fundos.

PARQUE INFANTIL
ANTECEDENTES


Já, muito tempo antes de 1760, passaram por Três Corações boiadeiros, garimpeiros e outros, mas a nossa história começa a ter sua relevância a partir de sua primeira Capela, construída pelo português Tomé Martins da Costa, inaugurada em 16 de setembro de 1760. A Capela passa então a ser atendida pelos padres de Campanha em 1761 a instituição canônica lhe confere o nome de Capela dos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José em 8 de fevereiro de 1762, o alferes Tomé constitui o patrimônio de sua capela.
Pela nossa primeira ermida passou Cláudio Manoel da Costa, figura integrante da Inconfidência Mineira, descrevendo o lugar como um terreno airoso, ao lado de uma fazenda, com poucos casebres ao redor, marco de um pequeno arraial iniciado , que tenta crescer às custas de suas terras de cultura e suas lavras de ouro; nesse lugar que tanto deslumbre causou ao poeta está localizado o Parque Infantil.
Em 16 de março de 1772 é batizada na capela pelo padre Bernardo da Silva Lobo, a menina Simplícia, filha de Antônio e Rosa , escravos de Domingos Dias de Barros. (Livro 3, de Registros de Batizados da Paróquia de Campanha)
Em 1784 é nomeado para a capelania dos Três Sacratíssimos Corações o padre Caetano Vieira.
Esta capela abrigou muitos fiéis até que  um fazendeiro no Peró , o Cap. Domingos de Barros, português vindo de Ribeirão Preto, em companhia de seus filhos Manuel, Antônio e Joaquim Dias de Barros, trazendo ainda o padre Antônio José dos Santos, que diz um historiador ser também seu filho, pede também licença para erguer uma Ermida, no lugar da antiga capela; era o ano de 1790. Comprometeu-se, assim como fez Tomé, a doar os sessenta alqueires para o Patrimônio. Sem aguardar  a provisão régia, inicia a construção da nova Igreja.
Em 1792 é nomeado para a capela dos Três Sacratíssimos Corações, o padre Domingos Rodrigues Afonso , em 1794 o padre Manuel José dos Reis é o novo capelão e finalmente em 1799 é nomeado  o padre Antônio José dos Santos.
José de Jesus Teixeira , rico português, solteiro chegou em fins de 1796, ele morava na fazenda do Bom Jardim era piedoso e desprendido, mudou-se para Campanha. Mas foi aqui , que ele resolveu construir uma capela, a capela de Nossa  Senhora das Dores. Erguida com duas torres, sua construção foi finalizada em 1799. A remuneração de seus escravos pelo trabalho de alvenaria se deu em forma de ouro em pó sem pesá-lo. É o que está lavrado em documento histórico  na cidade de Campanha.

Em 1801, dá-se sua inauguração em 23 de setembro “Ermida dos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José da Real Passagem do Rio Verde com missa solene celebrada pelo Vigário da Campanha, Pe. Antônio de Souza Monteiro Galvão. Na época um cronista a descreve como uma pequena igreja, para abrigar um limitadíssimo número de fiéis. Seu altar-mor foi trabalhado pelo mestre Athaide. Uma pintura a óleo no teto , representava o batismo de Jesus. A pia batismal , talhada em pedra sabão, ao lado esquerdo da entrada, com oratório dos Santos Óleos, era modesta e singela. Imaginem vocês quantas relíquias perdeu Três Corações  e como fica partido o coração dos tricordianos vendo seus patrimônios sendo destruídos pelo progresso ou até pela própria ganância do ser humano. Ao fundo da ermida, ao lado do altar–mor havia o altar do Santíssimo, e uma catacumba sem lápide , contendo os despojos de dois padres ordenados em Mariana e que aqui exerceram seu ministério e morreram . No exterior , a fachada foi delineada pelos próprios artistas locais. Nas janelas de frente para a praça, cornijas sem lavores, dando apoio aos bicos que alumiavam o côro de música. O portal nobre era um eficiente trabalho , também de artistas locais, com  duas torres externas .
Em 1802 é nomeado Capelão da ermida o Pe. Joaquim Dias de Barros, voltando em 1806 à capelania da ermida o Pe. Antônio José dos Santos.
Passados quase 7 anos de sua inauguração é que é concedida por D. João VI a Provisão Régia concedendo licença a Domingos de Barros para erguer a igreja sendo que este já havia morrido. Só em 1809, quando termina a pendência entre o Bispo de Mariana e o Cap. Inácio Ximenes é que finalmente são passadas as escrituras de doação das terras do Patrimônio, no tabelionato de Campanha e os sessenta alqueires doados caíram para dez alqueires..
A instalação da Freguesia dos Três Corações do Rio Verde e da Paróquia do Três Sacratíssimos Corações, sendo nomeado Cura o Pe. Antônio José dos Santos no dia 14 de julho de 1832 e neste mesmo ano compreendendo a atual aplicação, Diogo Antônio Feijó põe fim ao ato de nomeação de Cura do Pe. Antônio José dos Santos.
Em 1844, a Diocese concede autorização para a construção de uma nova igreja e sua inauguração acontece em 6 de setembro de 1860, agora Matriz, que pôr disposição de D. Silvério Gomes Pimenta , Arcebispo de Mariana, passa a ser Sagrada Família, o Orago da Paróquia Igreja Matriz e das Dores, a velha ermida.
No antigo Largo das Dores, hoje Parque Infantil, foi instalada a 1ª Comarca de Três Corações em 1892 pelo seu 1º juiz de direito, Dr. Alberto Gomes Ribeiro da Luz, no prédio da Instrução e Paço Municipal
A Igreja das Dores, velha e querida, é demolida em 1896 pelo Pe. Hipólito Campos; o Fórum e o Paço Municipal mudaram em 1897 para o sobradão da rua Direita onde antes funcionava o Colégio Melo Franco, demolido em 1912 e ali numa casa com capacidade para 600 pessoas, esteve também instalado o teatro municipal e centro cultural da época.
Esta praça atraiu moradores tornando-se o centro e o início de nossa cidade; abrigou ali também o primeiro cemitério, fato decorrente do costume medieval de se enterrar os mortos nas proximidades de igrejas. Relata José Prado Neto, historiador tricordiano, que provavelmente lá repouse Tomé Martins, falecido em 1793 e os nossos primeiros párocos.
Com a demolição da ermida passa a se chamar Praça da Liberdade e a partir de 1919, o local passa a se denominar Praça 15 de Novembro  hoje conhecida  como Praça Benevenuto Barros, ex prefeito entre 1916/1918. Praça relativamente grande e bem arborizada com magnólias , possui 3 grandes gramados em forma de corações. Constituía  ponto de ligação entre a rua Direita com a rua do Passa Boi ou 4ª Avenida (hoje  av. Virgílio de Melo Franco) , outras duas ruas chegavam à praça Benevenuto Barros: a que vinha da praça da Matriz e a rua 5. Completando as formas de coração a que contornava a praça e a que levava ao trecho de ligação. Nas imediações, onde hoje está localizada a casa do falecido Jaime Nogueira, situava-se o maior buraco da cidade, conhecido como buraco do Guilherme Leiloeiro, antigo proprietário do terreno . Cratera essa de muitos séculos , como diz José Prado Neto , ia até o morro da biquinha, sendo tapado com restos de construções, aterramentos e detritos diversos, deixando de existir por volta de 1920.
Dos moradores da época podemos citar o Sr. Lili de Barros, Sr. Téophilo Ribeiro e o Sr. Coronel Costa Neto. Mais recente, o professor Francisco Avellar Machado e sua família, o Sr. Nelson Ribeiro, Sr. Albertino Branquinho e a família Miquitinha.
O Prefeito Odilon Rezende de Andrade decidiu transformar a Praça Benevenuto Barros em Parque Infantil, no seu segundo mandato. A locação e o projeto foram feitos por um engenheiro da Rede, professor de geografia descritiva do Colégio Estadual .
As escavações para a construção dos alicerces da periferia do parque haviam começado, quando atingiram o canto da praça diante das residências de Sr. Franci e Sr. Aurélio, foram localizadas várias sepulturas antigas, ainda com os restos mortais. O fato atiçou a curiosidade de muita gente. No entanto , sabia-se daquela possibilidade, pois ali fora o primeiro cemitério, atrás da Capela dos Sagrados Corações. O interessante, como conta Carlito A. Caldeira, é que não se cuidou  da remoção daqueles ossos. Foram ali deixados , em ligeiro aprofundamento das valas.

Levantamento Luiza Regina Braz Marques
Casa da Cultura Godofredo Rangel
Três  Corações, 1999

O Surgimento Do Parque:

O Parque Infantil foi construído para a alegria das crianças que na época corriam de um lado para outro em sintonia com os pássaros que de árvore em árvore compartilhavam da sinfonia de gritos e gorjeios pelas manhãs e tardes de Três Corações.
Hoje as pessoas que por ali passam certamente unem a beleza de sua arquitetura, com a tranqüilidade do local, e a algazarra das crianças que ali se encontram e que nem se dão conta que ali foi o começo de nossa cidade. A placa exibindo uma data, comunica o dia e o ano de nossa emancipação política.
Estrategicamente bem localizado, no alto de nossa avenida principal surge orgulhoso o nosso parque que já sorriu com as peraltices de muitos de nossos tricordianos quando pequenos, ainda abriga muitos dos sonhos, atraindo com seus encantos as crianças que por ali passam, encantados com o saltitar e o canto dos pássaros que ali fazem seus ninhos.
Ainda hoje , resistem ao tempo não só a arquitetura do parque mas também as residências da família Aurélio Della Lúcia e dos médicos Moacir Resende e Ernesto Coelho Neto.
O progresso chegou, a cidade cresceu e o largo das Dores  continua, imprimindo nos tricordianos a doce saudade de um tempo que não passou e está vivo em nossas lembranças e em todos os corações.

Bibliografia:

Entrevista:

BANDA, Maria Isabel. Parque Infantil. Três Corações, 1998
      Entrevista concedida a Luiza Regina Brás Marques.

FLORES, José Valadão. O Parque Infantil. Três Corações,1998.
      Entrevista concedida a Luiza Regina Braz Marques.

PRADO, José. Sobre o Parque Infantil. Três Corações, 1998.

Livros:

FONSECA, José Garcia da. Três Corações e Sua História.
      Belo Horizonte, MG; Imprensa Oficial, 1984.

FONSECA, José Garcia da. A Imprensa em Três Corações.
      Três Corações, MG; Gráfica Excelsior e editora Ltda., 1994.

SOUZA, Benefredo de. Datas e fatos da terra do Rio Verde. Três Corações,
       MG; Tipografia Escola Profissional, 1971.


Análise Arquitetônica


Planta irregular cercado por um gradil apoiado em uma mureta em forma de escada, acompanhando a declividade da rua que o circunda.
Quase na parte central do parque, existe uma área circular de aproximadamente 5m de raio, pavimentada com cimento, por onde irradiam canteiros e outras áreas onde estão locados alguns mobiliários.
Contando com a área central, são em 6 o número de espaços onde estão distribuídos os brinquedos e também os canteiros que fazem sua separação. Possui uma faixa de área verde que protege todo seu perímetro. Logo à esquerda de quem adentra o parque, existe uma pequena área com cobertura meia água, onde há a instalação de um lavatório.
A arborização é abundante, produzindo bastante sombra e conforto aos usuários, porém necessita manutenção.
O piso é de pedra e cimento em algumas áreas, apresentando bom estado de conservação.
Como bem cultural do parque, podemos citar dois elementos, um se encontra logo na entrada, é um obelisco de base  quadrada, com aproximadamente 80cm de largura por 60cm de altura, onde está locada a placa com os dizeres:

“Neste local nasceu a cidade, em 23-9-1884,
homenagem da Es. S. A.
ao povo de Três Corações, 23-9-1959.”

A parte apoiada em cima desta base, possui aproximadamente 50cm seção regular que soma ao conjunto uma altura de aproximadamente 4m, 4 floreiras de concreto enfeitam o piso onde está situado o obelisco, este necessita de manutenção na pintura e uma das floreiras está quebrada.
O outro bem, se encontra no mesmo  eixo do 1º cuja forma é retangular com 60cm aproximadamente e 20cm de altura. A base é de cimento  onde esta apoiada uma placa de ardósia com os dizeres:

“Neste local será erguido monumento
ao centenário da Cidade.
1884        23      de Setembro    1984”

O parque se encontra bastante arborizado, porém  necessita manutenção na parte de forração, que apresenta uma paisagem de abandono.
A caiação da mureta que sustenta o gradil e do meio fio que delimita os canteiros é quase que inexistente. Assim como nas meias colunas que sustentam vasos de plantas, cujos vasos apresentam oxidação.
O gradil que cerca o parque está em total estado de oxidação, bem como na parte inferior do portão de acesso, que apresenta danos também em seus elementos decorativos, o arame farpado do gradil está danificado e os  tubos de sustentação necessitam manutenção nos encaixes e pintura.
O piso se encontra em bom estado de conservação, apresenta apenas manchas e trincas superficiais decorrentes de sua exposição as intempéries climáticas.
O portal de entrada sofre também por estar exposto, apresentando trincas e manchas em  seu reboco, cujo surgimento de vegetação em suas paredes é aparente.
Dos 12 brinquedos locados por todo parque, apenas 2 se encontram interditados e os demais apresentam ferrugem grave, falta de pintura e danos no próprio material, podendo provocar lesões nos usuários.



Análise de entorno


Passeios mal conservados e estreitos, pavimentados com ladrilho. A rua que circunda é ligeiramente inclinada, possui largura aproximadamente de 5m  pavimentação asfáltica e vem conservada.

Apresentam tendências arquitetônicas bem ecléticas, predominando o neoclássico o colonial, moderno e contemporãneo.
O uso de platibandas é bastante comum nas edificações do lado direito e fundos do parque, no lado esquerdo o partido adotado é  mais voltado ao moderno, com exceção de uma casa antiga na esquina da Av. Virgílio de Melo Franco que se apresenta tipicamente colonial.
Delimitação do Perímetro de Entorno

P1 = mediatriz da Avenida Presidente Getúlio Vargas, próximo ao nº 540, do lado direito, seguindo o alinhamento da fachada frontal;
P2 = seguindo o alinhamento até o nº 34;
P3 = acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 76;
P4 = acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 121;
P5 = acompanha o alinhamento das fachadas até o nº 209 da Rua Sagrado Coração de Jesus;
P6 = P1  incluindo o imóvel de nº 531
OBS.: O perímetro de entorno do Parque Infantil fica limitado às fachadas que circundam o mesmo, devido à irregularidade do traçado dos quarteirões ligados à Praça, dificultando a delimitação de uma área maior.

  

Delimitação do Perímetro de Tombamento

P1 = vértice esquerdo da fachada frontal ;
P2 = vértice direito, seguindo o alinhamento do imóvel, e é distante de P1, 31m;
P3 = seguindo o alinhamento do imóvel, é distante de P2, 29,7m;
P4 = seguindo o alinhamento do imóvel, é distante de P3, 34 m;
P5 = seguindo o alinhamento do imóvel, no sentido da Rua Sagrado Coração de Jesus, é distante de P4, 55 m;
P6 = P1, seguindo o alinhamento do imóvel;
P5 é distante de P6, 58,7 m.


         PARQUE INFANTIL: ONDE TUDO COMEÇOU


         O transeunte que passar pelas proximidades de nosso Parque Infantil logicamente acabará por ter sua atenção voltada para os risos das crianças e seus folguedos ou para a beleza das árvores e o bucolismo de sua arquitetura, provavelmente deixando de ler uma placa ali existente, junto a um obelisco.
            Estrategicamente bem localizado, no alto de nossa principal avenida, surge o parque de maneira imponente, dando sombra aos que ali chegarem, observando de forma estática os trajetos e formas que o progresso nos legou.
            Foi neste exato lugar, da sesmaria de Thomé Martins da Costa, que nossa cidade teve seu embrião e o fio condutor do que hoje é. As terras pertenciam a Thomé, que mandou construir uma pequena capela , medindo 3 x 6 metros quadrados, inaugurada em 16 de setembro de 1760, há exatamente 233 anos atrás, com o pomposo nome de Capela dos Santíssimos Corações de Jesus, Maria e José. Situada no alto de suas terras, descortinando a beleza estonteante do vale, do rio e a Fazenda Rio Verde, impunha fé e religiosidade aos colonos, garimpeiros e viajantes.
            Com o passar do tempo, a capela foi atraindo alguns moradores, tornando - se o centro, o cerne do lugarejo.
            O local abrigou, também, nosso primeiro cemitério, fato este decorrente do costume medieval de se enterrar os mortos nas proximidades das Igrejas; aí estão provavelmente repousando os restos de Thomé Martins, falecido em 1793, e de nossos primeiros párocos.







terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Bens tombados de Três Corações - Monumento a Djalma Dutra



Djalma Dutra no Contexto Político





Chega ao ponto máximo, no final dos anos 20, a contestação à política do “Café com Leite”. Apesar de fracas, ideologicamente, as revoltas tenentistas traduzem uma insatisfação que é nacional. A revolução está prestes a acontecer. Esta explode em 1930, devido à insatisfação interna e a reflexos da ordem econômica mundial. Em 3 de outubro a revolução é deflagrada no nordeste, em Minas e no Rio Grande do Sul. Em cerca de vinte dias a vitória é  conseguida. O Presidente Washington Luiz é deposto e Getúlio assume o poder. A oligarquia perde o poder e as classes sociais então se desenvolvem rapidamente e vão também participar do governo juntamente com classes derrotadas na revolução e que apressadamente aderem a nova ordem.
Três Corações sediava o 4º Regimento de Cavalaria Divisionária (R.C.D.), com seu corpo de militares, marcado por suas ideologias e também aqueles que por elas morriam. Indivíduos de personalidade, defendiam direitos de pensamento e lutavam na defesa de seu país e pela liberdade.
Foi com essa ideologia, nossa cidade marcada por vários conflitos, onde tombaram muitos de nossos soldados dessa revolução, se destacando o Capitão Djalma Soares Dutra, militar que defendeu seus ideais, seu povo e a liberdade.
Luiz de Simas Enéias, Capitão do 6º Regimento da Cavalaria Independente e chefe interino da G.3, escreveu sua vida militar com suas glórias e derrotas. “Fé de Ofício” mostra a retidão de toda sua vida militar.

Djalma Dutra era filho do Capitão de Fragata João Antônio Soares Dutra e Dona Francisca da Serra Carneiro Dutra. Nascido a 20 de outubro de 1895, natural da Capital Federal. Com apenas 16 anos prestou praça como voluntário, em 14 de março de 1912, de acordo com as leis em vigor, sendo introduzido junto a 2ª Cia. da Escola Militar, tendo o número cento e dois, e sendo ingressado nas aulas do primeiro curso de guerra, anexo a ex Escola de Artilharia e Engenharia, passando a pertencer a Escola Militar criada em 30 de abril de 1913, pelo decreto nº 10.198. Também foi matriculado em 1.914 no curso de Aplicação de Infantaria e Cavalaria e no mesmo ano, na Escola Prática do Exército. Djalma Dutra, por seu desempenho e abnegação, cresce dentro do Exército e é declarado, em 3/02/1915, Aspirante a Oficial em razão das prescrições legais contidas em documentos do Ministério da Guerra, sendo assim, da Escola Prática, e mandado se apresentar ao Chefe do Estado Maior do Exército, sendo assim incluindo como agregado ao 1º Regimento de Cavalaria e ao 2º Esquadrão, no dia 04 de fevereiro do mesmo ano, por Ter sido aprovado.


O Sucesso na Carreira Militar


Recebeu elogios do comandante do Regimento e por ordem do Senhor Presidente da República, por fazer com que as paradas de 7 de setembro fossem brilhantes como anteriormente. Em 1.916 é exaltado, pela incansável devoção e cuidado no desempenho de seus deveres, sob o comando do Gen. Divisão Pedro Augusto Pinheiro Bittencourt e apresenta-se à Escola Militar, onde foi classificado no 1º Batalhão de Artilharia de Posição e transferido para o 1º Regimento de Cavalaria. Em julho, apresenta-se ao Departamento da Guerra, designado a servir na Fortaleza de Copacabana, onde em 1922 se deu o levante de Copacabana ou os “18 do Forte”, onde a questão para o levante foi a sucessão de Epitácio Pessoa, ficando por três meses, sendo nomeado instrutor de infantaria, ginástica, esgrima e aritmética prática.
Por seu interesse na instrução, quer teóricas quer práticas é louvado pelo comando do Forte de Copacabana, e em novembro deste mesmo ano, em disposição do boletim regional do dia 11, o comandante do Forte, em nome do Presidente da República, Ministro da Guerra, comandante da 5ª Região Militar e no seu próprio, agraciam-no pelos serviços prestados a fim de garantir sucesso das práticas finais e eficácia do seu certame hábil e influente, tendo também sido homenageado pelo Gen. Gabino Besouro, quando deixou o comando da 5ª Região Militar, pelo desempenho de seus deveres durante o ano e quando substituído, louvado pelo auxílio que prestou como instrutor de infantaria das praças destacadas no Forte executando a instrução com interesse e competência.
Foi promovido a 2º Tenente para a arma de Infantaria em janeiro de 1917, sendo transferido para a arma de Cavalaria pelo decreto de 07/01/1917, de acordo com a prescrição do artigo 6º da Lei nº 1.143, de 11/09/1861. É louvado pelo comando do 1º Regimento de Cavalaria ainda em janeiro pelo seu interesse em cumprimento de seus deveres e, em boletim do dia 23 do mesmo mês, colocado à disposição do Comando da Circunscrição Militar de Corumbá. Apresenta-se no próximo trinta e um ao quartel general, e sendo exonerado a seu pedido, do cargo de ajudante de ordens da Circunscrição Militar de Mato Grosso, onde o Gen. Cypriano da Costa Ferreira o exalta e agradece pela lealdade e bons serviços, durante o tempo em que exerceu a posse de Interventor Federal do Estado.
Volta ao Rio de Janeiro, sendo mandado servir como adido ao Quartel General da 5º Região Militar e 3ª Divisão do Exército, indo se apresentar em 1918 ao 3º RC assumindo o 4º Esquadrão e deixando-o, assume o comando do 2º Esquadrão, quando em julho o comando do Regimento torna-lhe extensivo o elogio do Cel. Engydio Tallone, pelo desempenho que dispensou as suas funções, pelo esforço e boa vontade que cumpriu os regulamentos para manter a ordem, disciplina e instrução. Em agosto, assume o 1º Esquadrão e logo após a revista de exame para recrutas, apresentou-se a escola do 2º Esquadrão, revelando-se de notável aproveitamento, e ainda na parte prática da instrução a pé, dando sempre provas positivas da sua capacidade de instrutor. Tendo terminado os exames finais dos recrutas, é reconhecido, em setembro, pelo seu trabalho com tão brilhantes resultados.
Em novembro seguiu com o Regimento de Bela Vista para Passo Pinto Ieque, para manobras anuais, acampando à margem direita do Rio Apa. Levantou acampamento em 27/11/1918, aquartelando-se nesse mesmo dia por ter terminado as manobras, sendo louvado pelo comando do Regimento pela ajuda, dedicação, orientação criteriosa e inteligente. Logo em seguida segue para Ponta Porã.
Comanda o 1º Esquadrão em 1919 e quando o deixa é novamente louvado pelo comandante do regimento Major João Batista Pires de Almeida, pela grande capacidade de trabalho como encarregado da escola, sem deixar as de subalterno e instrutor de seu esquadrão.
Seguiu para Campo Grande, quando nomeado pelo Comandante, para atuar, como juiz de um conselho de guerra nessa cidade.
Por ser promovido a 1º Tenente, em julho, apresentou-se ao Departamento de Guerra em agosto e em seguida é classificado no 3º R.C. A seu pedido, é concedido pelo Senhor Ministro da Guerra aprovação nas cadeiras de cálculo e mecânica.
Vindo da Capital Federal Rio de Janeiro, apresentou-se no 3º R.C., de onde é desligado de adido, sendo na mesma data elogiado pelos bons serviços, tanto em qualidade de instrutor como em cargos de que foi incumbido.
Em 1º de Janeiro de 1920, o nosso 14º RC, vindo de Campanha, conforme o decreto nº 13.216 do dia 11 de Dezembro de 1919, se transforma no 4º RCD de acordo com o Diário Oficial de 29 de Dezembro de 1919. Nosso regimento muda de nome e ganha para seu corpo de oficiais Djalma Soares Dutra que apresenta-se ao 4º RCD, nomeado como instrutor de recrutas em 19 de Janeiro de 1920, para logo em seguida ficar à disposição do comandante do 8º Regimento de Artilharia Montada para servir em um Conselho de Guerra, indo para Pouso Alegre, onde se apresentou em fevereiro, passando a responder pelo comando de seu esquadrão, sendo aí também louvado quando da despedida do Cel. José Ribeiro Pereira, ao deixar o comando do regimento, e novamente por sua inteligência e capacidade citados pelo Cel. José Ribeiro Pereira, digno de aplausos especiais, como prêmio pela sua virtude austera, exemplo honesto e escrupuloso de excelente oficial.
Recebe em junho a carta patente de seu posto. É nomeado para examinar os candidatos a reservistas do Exército dos tiros, 462 de São Gonçalo do Sapucaí, 496 de Carmo do Rio Claro, 72 de Caxambu, 593 de Aiuruoca, Gynásio Paraisense, de São Sebastião do Paraíso e Lyceu Municipal de Muzambinho. Volta e apresenta-se no 4º RCD em Setembro e em outubro embarca para o Rio de Janeiro nos trens da nossa estrada de ferro, para participar do Campeonato de Cavalo D’Armas.
Vindo da Capital Federal, apresentou-se dia 8 de novembro no 4º RCD, indo no mesmo dia acampar na fazenda de São Bento a fim de fazer exercícios.
É nomeado para participar de um Conselho de Guerra permanente em Pouso Alegre, em 1º de dezembro, como Juiz substituto. Tendo satisfeito as condições de atirador de 1ª classe, vai para a classe especial, prestigiado como prova de dedicação pela instrução.
Djalma Dutra não tinha parada, onde fosse necessário sua presença era logo designado. Em janeiro de 1921 vai para São Gonçalo do Sapucaí, em serviço da região e de lá é designado para o Rio Grande do Sul integrando-se na comissão de compra de animais, seguindo no dia 16 de fevereiro. Quando terminada a comissão prestou conta do dinheiro recebido e destinado a compra dos animais, justificando o emprego do montante, ficando a comissão isenta da responsabilidade de tal dinheiro, tendo ele ganho do comandante do Regimento, o reconhecimento de seu trabalho, honestidade e interesse em defender sua pátria.
A serviço do Regimento, parte para o Estado do Paraná. Quando volta, tem do comando do Regimento, público seus feitos e agradecimentos por mais serviços prestados. Em novembro de 1921, vai Djalma Dutra participar mais uma vez, do Campeonato de Cavalo D’Armas, e de regresso, apresenta-se ao 4º RCD assumindo as funções de ajudantes até 29 do mesmo mês.
Assumiu o comando do quarto esquadrão em janeiro de 1922, deixando-o em 17 de março, tendo que no mês seguinte seguir viagem para o Rio de Janeiro, por indicação do comando do regimento para cursar as aulas da Escola de Aperfeiçoamento de oficiais, apresentando-se na mesma dia 14 de abril, para matricular-se, com declaração de pertencer ao 4º RCD, ficando adido. Em maio foi transferido para o 3º RCD, terminando o curso e sendo classificado em dezembro. Foi desligado do corpo de alunos desta escola (E.A.C.) por conclusão do curso e por determinação do Cel. Chefe do Estado Maior do Exército, ficou adido até nova ordem.
Na apreciação escrita com relação a Djalma Dutra deixava claro que era inteligente e trabalhador, de espirito vivaz, idéias geralmente claras.
Por nota do Sr. Ministro, foi posto a disposição do Estado Maior do Exército, para que fizesse matrícula na Escola do Estado Maior, sendo assim desligado do número de oficiais adidos.
Matriculou-se em março, no 1º ano do curso de Estado Maior e em agosto no curso de Cartografia.
Designado para, nas manobras de quadros, exercer as funções de adjunto da 2ª Divisão de Infantaria em outubro, foi para São Paulo neste mesmo mês, voltando em novembro.
Os cursos de aperfeiçoamento para Djalma Dutra são inesgotáveis e bem vindos; agora matriculando-se no 2º ano do curso de Estado Maior em março de 1923 e sendo classificado, no  14º RCI (Regimento de Cavalaria Independente).
Pelo decreto nº 19.395 de 8 de novembro de 1927, com antiguidade de 13 de outubro do mesmo ano, foi promovido a Capitão, pelo decreto de 15 de novembro.


A Ideologia, o Sonho, o Patriotismo


Djalma Dutra era um ideologista, patriótico, que sempre lutou pela guarda e soberania de seu país, um País onde a força maior seria o povo, povo esse que primasse por direitos sociais de cidadania, direitos esses, que faz o Estado Soberano e um País livre.
Essa ideologia e esse patriotismo era a alavanca, que movia Djalma Dutra a participar de levantes em defesa de seu povo. Entre 1924 a 1927 vai participar da Coluna Prestes e dessa época de sua vida nada se tem em arquivos na nossa cidade.
A Coluna Prestes foi a mais importante demonstração de guerrilha do continente. Seu objetivo era sublevar o povo, engajando-os na luta contra a Velha Republica. Porém não conseguiu seu intento, Luiz Carlos Prestes foi perseguido e junto com seus companheiros se dirigiram à Bolívia. Alguns de seus participantes e lideres conheceram de perto a realidade do País, tornando-se figuras destacadas do movimento de 1924, aliando-se assim às forças da Coluna Miguel Costa Prestes na luta contra o governo de Artur Bernades.

Morrendo pela Liberdade


Djalma Dutra lutou, até o último de seus dias, quando, vindo da capital em busca das forças revolucionárias e já de partida para Três Corações a fim de render o 4º RCD aqui sediado, conhecedor de nossas terras, viveu 02 anos aqui hospedado no Hotel Avenida, fazendo serestas nas noites tricordianas junto aos nossos saudosos músicos: Álvaro Archanjo, Benefredo de Souza, “Seu” Minguinho e outros.
Na ocasião da Revolução de 1930, quando a Aliança Liberal formada pelos Estados Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais, apoiava Getúlio Dorneles Vargas contra Washington Luís, Djalma Dutra veio do Rio incorporar nas forças mineiras. Foi acolhido em Lavras pelo comandante da Coluna Revolucionária, Cel Luiz de Oliveira Fonseca, integrantes do 11º RI de Belo Horizonte, que vinha rendendo os quartéis do Sul de Minas que apoiassem o Governo. Aqui chegaram em 11 de outubro na Estação Carneiro de Rezende, a 7 km de Três Corações. Chovia e por influência de Djalma Dutra conseguiram a casa do Carpinteiro Manoel Duarte onde improvisaram uma enfermaria. Era muito amigo do carpinteiro do 4º RCD, e enquanto arrumavam transferência do seu Manoel e família para outra casa, reviveram lembranças, despertando a curiosidade dos integrantes da Coluna, inclusive de seu chefe, que ordenou, por volta de 4h da madrugada chuvosa, o reinício da marcha. Na frente ia Djalma Dutra, com o braço no ombro do amigo Manoel, quando, com o estampir de um tiro, o seu corpo cai para frente, atingido por uma bala que lhe decepou a barriga da perna, provocando hemorragia e logo em seguida outro tiro à queima roupa no coração.


O Monumento


O monumento que homenageia Djalma Dutra foi erigido a pedido do Gen. Augusto Inácio do Espirito Santo Cardoso e se encontra próximo a Colônia Santa Fé, onde existia a Estação de Carneiro Rezende, demolida nesta década de 90. É nesse exato lugar que tombou o corpo de um verdadeiro brasileiro, falecido em virtude dos acontecimentos revolucionários, no dia 12 de outubro de 1930.
O monumento foi construído pelo próprio Manoel Duarte, que teve a honra de homenagear o amigo. Foi inaugurado em 10 de setembro de 1.931 e ainda lá está para que o mesmo não seja esquecido. No monumento do Exército que se encontra na Escola de Sargentos das Armas, homenageando os mortos da revolução de 30, não consta seu nome. Sua morte não foi registrada em nenhum documento de nossa cidade, seja  cartório, cemitério, igreja, e hospital.












Análise Arquitetônica


O Monumento ao Capitão Djalma Dutra encontra-se nas margens da Rodovia MG-862, que liga Três Corações a São Bento Abade, a 5,5 km do centro da cidade, numa distância de 100 m da entrada da Colônia Santa Fé.
É feito de cimento, revestido de pedra São Tomé. Foi locado num espaço de 3/3m de pavimentação asfáltica, cercado de arame farpado. Está apoiado numa base de 1/1 m, com elevação de 10cm, por onde sai a estrutura de secção quadrada com 70cm de lado. Esta estrutura possui 1,50 m de altura e possui como complemento na parte superior um elemento, formato de uma pirâmide de 50cm de altura. O monumento soma em sua totalidade 2,10 m de altura.
Possui uma placa metálica de 24,5 por 29,5cm; voltada para o lado da estrada, cujos dizeres prestam homenagem ao capitão:

“Aqui terminou seus dias o grande sonhador com a liberdade de sua Pátria Capitão Djalma Soares Dutra em 12-10-1930”

O monumento está em ótimo estado, apresentando apenas manchas, principalmente nos rejuntes das pedras que  o revestem, por estar exposto.
Na placa que o acompanha, há a presença de oxidação, mais evidente nos parafusos que a sustentam.
Em se tratando de seu arredor, o estado de conservação é bastante ruim.
O arame farpado do gradil e as próprias estacas que o sustentam estão totalmente destruídos.
Há a presença forte de mato que já obstruiu o acesso e a visão do monumento.
O lixo e restos de vela em sua base dão ao local um ar de abandono.
O Monumento necessita de uma restauração geral e qualquer mudança que venha a ser feita, será com o conhecimento e aprovação prévia do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e Natural de Três Corações.



Análise do Entorno


A 2,50 m da Rodovia, existe uma passarela pavimentada que dá acesso ao cercado onde está o Monumento.
Tanto ao seu redor como do outro lado da estrada, a presença de vegetação é dominante.
O sinal mais evidente de ocupação fica a aproximadamente 100 m, que é a entrada para a Colônia Santa Fé.
Como o Monumento tombado se encontra muito perto da Rodovia, a área de entorno fica somente com 36 m2 ao redor do mesmo.


















Bibliografia:


1.       Entrevista

RIBEIRO, Ilze Garcia. Pesquisa completa sobre Djalma Dutra. Três   
    Corações, MG; 1999. Entrevista concedida a Luiza Regina Brás Marques.
(A entrevistada é jornalista, historiadora e integrante da Academia Tricordiana de Letras e Artes).


2.       Documentário Histórico

ENÉAS, Luiz de Simas. Fé de Ofício do Capitão Djalma Soares Dutra.  
     Departamento do Pessoal da Guerra, Divisão de Cavalaria, G – 3.





Casa da Cultura Godofredo Rangel







Delimitação do Perímetro de Entorno


O perímetro formado pelos pontos P1, P2, P3, P4 e P5 delimitam uma área de 36m2, em torno do imóvel, marjeando o asfalto da rodovia, a face frontal.





Delimitação do Perímetro de Tombamento


O perímetro formado por P1, P2, P3, P4 e P5 delimitam a área de tombamento do imóvel que equivale a 1m2 e é referente à base do monumento.

Bens tombados de Três Corações - Cruzeiro do Cemitério



Cruzeiro do Cemitério



O local onde se encontra o Cemitério São João Batista foi doado em 1889 pelo Cel. Pio Gonçalves de Avellar, chefe político, sendo prefeito na época o Sr. Luciano Pereira Penha. Conforme desejo do doador, o cemitério foi inaugurado em 5 de novembro de 1900, por ocasião de sua morte e sepultamento. A inauguração oficial se deu no dia 11 de novembro, sete dias após sua morte. Governava então, Dr. José Antônio Martins Romeu, eleito em 1900, que após apenas um ano de mandato renunciou ao cargo em favor do Sr. Luciano Pereira Penha que assume novamente.
 
O Cruzeiro data do começo do século, erguido em madeira, sendo substituído anos depois por outro em cimento armado, sendo seu construtor o Sr. Antônio Batista da Fonseca, foi erguido em frente ao portão principal do cemitério, local hoje denominado Praça da Saudade. Em 16 de abril de 1934, na administração do prefeito Francisco Franqueira, foi instalada sua primeira iluminação elétrica. Aproveitou-se esta iluminação para iluminar precariamente uma parte do cemitério. Devido à fraca iluminação existente no local, que causava desconforto e problemas, o vereador Daniel Neder, na segunda gestão do Sr. Orlando Rezende de Andrade, lança na câmara a idéia do projeto de uma nova iluminação para o cemitério e também do Cruzeiro que se encontrava às escuras. Assim sendo, as reformas acontecem nesta mesma gestão que data de 1967 a 1970. A inauguração da nova iluminação do cemitério e da restauração do Cruzeiro acontecem com a presença de muitos convidados, apresentação de  banda de musica e discurso do vereador autor do projeto. Além da nova iluminação o Cruzeiro recebe em seu entorno a delimitação de uma área para conservação, juntamente com uma grade de proteção.

O interesse pela sua restauração, foi que o mesmo, além de ser um marco da fé Cristã e local de reflexão do povo tricordiano, viu cair aos seus pés, alguns mortos do conflito acontecidos na Revolução de 30, onde tombaram em combate, o Sgt. Ferreira, o cabo Allan Kardek, outros militares do Exército, membros da polícia mineira e revolucionários. Outros fatos ocorridos na época, são  relatados no dossiê de tombamento do portão do Cemitério São João Batista conforme processo nº 5.
 
Num ponto de comandamento de nossa cidade, permanecerá preservada pela comunidade, a figura do imponente Cruzeiro, marco e testemunha de fatos que preenchem algumas páginas de nossa história.




















Análise Arquitetônica


O Cruzeiro localiza-se no largo em frente ao Cemitério Municipal, Praça da Saudade, ao término da Avenida Cel. Francisco Antônio Pereira.
Sua estrutura é de concreto aparente com a base de sustentação é revestida de pedra São Tomé. Esta base é elevada em 40 e 60 cm, devido a irregularidade do terreno, possuindo 4,10 m por 4,20 m de dimensões. No centro dessa estrutura está locado o Cruzeiro, com aproximadamente 7m de altura.
Como proteção, um gradil o cerca a partir da base, ficando o acesso por uma escada voltada para o eixo da avenida. O gradil se encontra em bom estado de conservação, necessitando apenas de pintura; já a escada integrada ao conjunto apresenta avariações, necessitando de restauração.
O piso da base se encontra coberto por uma camada de cera de velas que são acesas no local e que provocam também o enfumaçamento da parte inferior do Cruzeiro.
A caiação é inexistente, bem como a conservação da pedra São Tomé.
A instalação elétrica possui danos bastante visíveis e necessita de restauração.
A estrutura do Cruzeiro se encontra em bom estado, porém sua conservação é bastante precária.










Análise do Entorno


A Praça da Saudade, largo onde o Cruzeiro se encontra, apresenta forma irregular, sendo arredondado do lado direito e reto do lado esquerdo.
A Avenida Cel. Francisco Antônio Pereira, que dá acesso ao local, apresenta um uso predominantemente residencial. Próximo ao local, existe um terreno vazio à direita e ao lado, o Necrotério Municipal e o escritório do cemitério, ambas construções com tendência neocolonial; em seguida, encontra-se a caixa d’água da Copasa, voltada para uma ruela de terra batida, tangencial ao largo.
Na parte dos fundos e em toda lateral direita do largo, acompanha o muro do cemitério, cuja calçada é bastante estreita, contando com paisagem pouco arborizada.













Bibliografia:


1.     Entrevista:

FIGUEREDO, Juca. Sobre o Cruzeiro do Cemitério. Três Corações,1999.
      Entrevista concedida a Luiza Regina Braz Marques.


FLORES, José Valadão. O Cruzeiro do Cemitério. Três Corações,1999.
       Entrevista concedida a Luiza Regina Braz Marques
.
                                
RIBEIRO, Nelson Branco. Cruzeiro do Cemitério. Três Corações, 1998.                                                                                                      Entrevista concedida a Maria Rosângela Fernandes.

2.     Livro:

FONSECA, José Garcia, Três Corações e sua História.
       Belo Horizonte, MG; Imprensa Oficial, 1984.

3. Levantamento

ESA, Escola de Sargentos das Armas, Monumento aos mortos da Revolução de 30..
       Levantamento feito por Luiza Regina Braz Marques









Delimitação do Perímetro de Entorno

O perímetro de entorno do Cruzeiro se constitui na Praça da Saudade que o circunda, ou seja:
P1 = localizado junto ao muro do Cemitério, ao término da Avenida Cel. Francisco Antônio Pereira, no seu lado esquerdo;
P2 = seguindo o alinhamento do muro do Cemitério até seu vértice, é distante de P1 , 28 m;
P3= perpendicular a P2, seguindo o muro do Cemitério, é distante de P2 , 22m;
P4 = seguindo o contorno da curvatura do calçamento até o término na Avenida Cel. Francisco A. Pereira, no seu lado direito;
P5 = P1 e é distante de P4 , 7 m.














Delimitação do Perímetro de Tombamento

P1 = extremidade frontal direita do imóvel;
P2 = extremidade frontal esquerda do imóvel, distante de P1 , 4,10 m;
P3= extremidade posterior esquerda do imóvel, distante de P2, 4,20 m;
P4 = extremidade posterior direita do imóvel, distante de P3, 4,10 m;
P5 = P1 e é distante de P4 , 4,20 m.
Os pontos delimitados formam a base do imóvel que tem 17, 22 m2.